hoje não te ouvi
nem te vi
não te vivi
ESTE blog contém poemas diversos que vêm sendo escritos e reescritos desde 1980 até a presente data NUNCA foram publicados MAS agora que fugiram da gaveta procuram leitores SEMELHANTES irmãos
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
sábado, 7 de dezembro de 2013
sobre poesia 15
da vocação
a vocação me tomou
de assalto em uma
reunião de negócios
e eu que nunca gostei
de poesia de repente
senti um frio nos ossos
o meu chefe me olhava
o cliente esperava
minha cabeça sonhava
sol
estrela
mar
eu queria dizer o que
o chefe esperava falar
o que o cliente queria
mas minha boca liberta
pra sempre naquele
momento somente dizia
o sol enamorado
da estrela do mar
se pintou de vermelho
pra ela notar
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
poemas de certo amor 19
eu sou um péssimo amante
ontem por um átimo
teve um orgasmo aquela que estimo
porém eu sei no meu íntimo
que ela não vai dizer que foi ótimo
pois fui eu quem riu por último
ontem por um átimo
teve um orgasmo aquela que estimo
porém eu sei no meu íntimo
que ela não vai dizer que foi ótimo
pois fui eu quem riu por último
sábado, 2 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
estar no mundo 17
os gordos vão sendo deixados
o que não causa espanto
não temos como levá-los
eles pesam tanto
movê-los suspendê-los carregá-los
tudo isto é muito difícil
por isto os deixamos largados
alí mesmo onde nasceram ou foram
colocados formando uma barreira
de gordura que nos aquece
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
estar no mundo 16
procuro o que escrever
procuro algo para ler
procuro alguma coisa para fazer
penso na existência humana que se tornou
muito complicada para mim e com a qual
eu não consigo conviver
o livro
o filme
o disco
a realidade é mais interessante
mas já não dá tanto prazer
eu gostaria agora era de ser criança
quando um dia demorava dias
e o ano 2.000 ficava tão longe que eu acreditava que um dia
o mundo ia se acabar
simplesmente
não aprendi a desinvestir no futuro
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
poemas da caixa de papelão 19
o amor
o que ele fez comigo não está certo
deixou
o meu melhor amigo boquiaberto
quando ele
finalmente conheceu minha mulher
depois
o meu irmão tornou-se em inimigo
já nem
queria mais me ver falar comigo
nem pensar
pra ele agora eu era um qualquer
mas eu
que nessa história não sou o bandido
o procurei
tentando recobrar o irmão perdido
e o encontrei
bebendo e vomitando só em um botequim
Petrucio
ele me disse o destino está errado
pois ele
quando colocou aquela deusa do seu lado
pra sempre
colocou você longe de mim
sábado, 17 de agosto de 2013
poemas da caixa de papelão 18
os restos do amor ficam
o gostinho na boca
o batom na camisa
o perfume no corpo
a pele nas unhas
o pentelho nos dentes
a mancha no lençol
o cabelo o suor a delícia
permanecerão para sempre
os restos do amor ficam
segunda-feira, 29 de julho de 2013
estar no mundo 15
eu sou uma vida
quando eu nasci
me deram um tapa
para eu chorar
quando eu cresci
me deram um doce
para eu parar de chorar
quando eu morrer
me darão uma lápide
para alguém chorar
quando eu nasci
me deram um tapa
para eu chorar
quando eu cresci
me deram um doce
para eu parar de chorar
quando eu morrer
me darão uma lápide
para alguém chorar
quinta-feira, 13 de junho de 2013
primeiros poemas 9
meus olhos pintados com cores estranhas
a vida não deixa marcas
apenas estes dedos cravados na memória
em mim tudo era perda
tudo era engano
quando deixei estes gestos sobre a mesa
havia um suspiro entre migalhas de pão
e eu me perdi nas estradas
no cais apenas um adeus
há que me escapar das mãos como uma pomba líquida
meus olhos pintados com cores estranhas
estou só
sem esforços poderias mulher tão negra
de alma e de olhos me beijar a face
estou nu
mas tu
há quanto tempo te consome a vergonha
o homem é uma mácula nos gestos brancos de deus
a vida não deixa marcas
apenas estes dedos cravados na memória
em mim tudo era perda
tudo era engano
quando deixei estes gestos sobre a mesa
havia um suspiro entre migalhas de pão
e eu me perdi nas estradas
no cais apenas um adeus
há que me escapar das mãos como uma pomba líquida
meus olhos pintados com cores estranhas
estou só
sem esforços poderias mulher tão negra
de alma e de olhos me beijar a face
estou nu
mas tu
há quanto tempo te consome a vergonha
o homem é uma mácula nos gestos brancos de deus
quinta-feira, 30 de maio de 2013
primeiros poemas 8
poema da infinita esperança
nesta rua nesta rua
tinha um bosque
hoje só existem arranha-céus
pessoas amarelas
e cãezinhos tristes
se esta rua se esta rua
fosse minha
eu mandava demolir todos os arranha-céus
e plantava 300 árvores no lugar
sobre o morro sobre o morro
tem um cristo
que passa os dias todos de pés descalços
de camisola
de braços abertos
e de cara amarrada
filho de uma lavadeira
o povo diz que faz milagres
se nos olhasse o cristo
por um segundo que fosse
nós também seríamos felizes morena
terça-feira, 21 de maio de 2013
poemas da caixa de papelão 17
paixão
eles viram meu corpo
preso num crucifixo
e os grandes cravos em minhas mãos
e eles disseram este corpo
tem o mesmo fim amargo
que teve o corpo do Senhor
eles beberam meu sangue
transbordando sobre o vinho
no terceiro dia da paixão
e eles disseram este sangue
tem a mesma cor amarga
que tinha o sangue do Senhor
eles comeram minha carne
dividida entre eles
e multiplicada como o pão
e eles disseram esta carne
tem o mesmo gosto amargo
que tinha a carne do Senhor
eles ouviram meus gritos
meus pedidos e minhas súplicas
e eles nada disseram
e eles nada fizeram
e eu tive a mesma morte
que o Senhor
domingo, 12 de maio de 2013
poemas da caixa de papelão 16
Gregório
Gregório
era um irmão do Libório
que trabalhava num escritório
e ganhava um salário satisfatório
Gregório
amava a filha do Osório
moça bonita de andar vexatório
assunto de todo e qualquer falatório
Gregório
e a tal moça num oratório
trocaram juras de amor compulsório
e se casaram na igreja e cartório
Gregório
otário
vivia aéreo
mergulhado num delírio
de ciúme espúrio
Gregório
num redemoinho giratório
matou a moça no introdutório
enquanto ela amava João Tenório
Gregório
que preso não foi ao velório
descobriu de modo notório
que o amor é puro palavrório
domingo, 14 de abril de 2013
sobre poesia 14
fazer é fácil
fazer bem é difícil
tecer é fácil
mas tecer a teia
que não rompe ao vento
e balança o sino
quando o inseto pousa
esta é uma tarefa da mais fina engenharia
domingo, 7 de abril de 2013
poemas de certo amor 18
bocas podem ser fatais
bocas podem ser lindas
demais
vermelhas
como cerejas
bocas podem sorrir
mas elas também sabem mentir
dentes podem ser brancos
dentes podem ser polidos
caninos
molares
incisivos
bonitos como os olhares
e às vezes também mordem vorazes
sexta-feira, 5 de abril de 2013
escrita automática 11
p numa hora destas
quem foi que peidou
foi você quem peidou
fui eu que peidei
me mostra a tua mão amarela
quem deixou a tampa da latrina aberta
quem foi ao banheiro e não deu descarga
quem deixou esse poema escapar
eu te disse Mauricio
que quando fosse botar comida para o poema
tomasse cuidado
que o bicho é arisco
ele passa na grade da gaiola
ele bica tua mão
ele sai pelo ar
peidando poesia
quinta-feira, 28 de março de 2013
sobre poesia 13
ins-piração
eu só
escrevo
sob pressão
se você
não cocar
essa arma
na minha
cabeça
eu juro
que largo
tudo
e vou
embora
você não vai
querer se sentir
culpada
vai
então
abre esse troço
canivete suíço
sei lá
que você carrega
e que já serve
pra tanta coisa
e encosta
na minha
têmpora
o lado que
dispara
pra ver se os
miolos temperam
e eu contigo
escrever um poema
consigo
quarta-feira, 27 de março de 2013
poemas de certo amor 17
faço você
eu faço você
quando fecho os olhos
e invento comidas que estão
muito além dos paladares educados
quando fecho os olhos
e invento comidas que estão
muito além dos paladares educados
eu faço você
quando coloco veneno para os ratos
e fico imaginando de que formas
a vida pode driblar as tenazes
eu faço você
quando me tranco no quarto
escuro em que me prendia meu pai
e canto um blues ao contrário
quando me tranco no quarto
escuro em que me prendia meu pai
e canto um blues ao contrário
eu faço você
por gostar do seu gosto
e querer sua mão segurando o meu pau
quando abre o sinal
por gostar do seu gosto
e querer sua mão segurando o meu pau
quando abre o sinal
sexta-feira, 8 de março de 2013
poemas de certo amor 16
eu sou um banana
às vezes
eu quero só
beijar-te
beijar-te
nalface
às vezes tão romã
ntico eu sou
que esqueço
de tomar-te
que esqueço
que você
gosta mais
de verdura
quarta-feira, 6 de março de 2013
poemas da caixa de papelão 15
aquele parto que tive
de onde não nasceu nada
não foi parto doído
aquele parto
cusparada
aquela tristeza que tive
quando ainda era menino
carrego ainda hoje comigo
aquela tristeza
meu destino
aquela vida que tive
com sonhos de toda sorte
não foi nem sombra de vida
aquela vida
foi a morte
do parto tristeza vida
que tive e que ainda me tem
não nasceu um menino
suponho que não
nasceu ninguém
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
poemas de certo amor 15
trânsito
essa rua dava mão
agora não dá mais não
antes podia beijo
agora aperto de mão
já foi avenida carinho
estrada do não me deixe
agora é
estou bem sozinha
ou
não que realmente me queixe
agora só tem buracos
e quebra-molas à vontade
que tiram a gente dos eixos
e partem a direção
pra onde a intimidade
que é do entendimento
será que o amor acaba
e se tranca à chave por dentro
eu que sabia os caminhos
não passo por lá mais não
essa rua dava mão
e agora é contramão
agora não dá mais não
antes podia beijo
agora aperto de mão
estrada do não me deixe
agora é
estou bem sozinha
ou
não que realmente me queixe
e quebra-molas à vontade
que tiram a gente dos eixos
e partem a direção
que é do entendimento
será que o amor acaba
e se tranca à chave por dentro
não passo por lá mais não
essa rua dava mão
e agora é contramão
sábado, 5 de janeiro de 2013
poemas diversos 8
uma borboleta azul
pousou em teu olhar
e eu fiquei azul
arco-íris de todas as cores
há muitos pijamas pra usar
mas eu dormi azul
nunca mais esquecerei estas cores
azul marinho no olhar
azul contigo no corpo
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
sobre poesia 12
eu sou uma negação
não quero mais produzir os versos que ninguém lerá por se saber perdido nas nuvens brumosas que saltam da página e embaçam o espelho que reflete a imagem que eu cria tão clara mas que só engana na razão oposta da possível angustia de quem se revela um fausto vencido que a partir de agora só escreve ou cala a pura verdade que não se disfarça
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