sentado
no ponto
fingindo
esperar um ônibus
espero
que passes
não
espero que venhas
apenas
que passes
sob
um sol sem telhado
e
carros que passam
em
pensamentos desgovernados
as
horas se passam
e
não espero que venhas
apenas
espero
as
luzes dos faróis se abrem
e
fecham meus olhos
as
luzes das casas se precipitam
e
suicidam no vazio
as
meninas dos meus olhos
menina que moras
no meu pensamento
a luz de neon
faz reclame dos teus olhos
sentando
no ponto
ressentido
de esperar
conto
os passos que passam
e
as pernas que passeiam
para
ter o que contar
as
pessoas não veem
que
há dignidade em esperar
as pessoas não entendem
mesmo
eu sabendo que não virás