escrevi meu nome num papel
e coloquei-o numa garrafa
atirei-a no asfalto
pois não havia mar
apenas um bilhete
que continha meu nome
a espera de alguém
que o encontrasse
meu nome numa garrafa
boiando no asfalto
era a prova maior
da minha solidão
e eu a esperar
que alguém a encontrasse
a prova mais verdadeira
de um total desespero
alguém que a encontrasse
teria em suas mãos
o nome de alguém
que só queria mar
mas ninguém a encontrou
ESTE blog contém poemas diversos que vêm sendo escritos e reescritos desde 1980 até a presente data NUNCA foram publicados MAS agora que fugiram da gaveta procuram leitores SEMELHANTES irmãos
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
poemas da caixa de papelão 38
poesia
a minha vida não poderia ter sido outra coisa
não tive mulheres
tive amantes
não tive lembranças
tive saudades
não tive tristezas
tive desencantos
não tive vida
tive existência
não tive esperanças
fui tolo
não tive despedidas
tive adeuses
não tive alegrias
apenas sorrisos
a minha vida não poderia ter sido outra coisa
não tive mulheres
tive amantes
não tive lembranças
tive saudades
não tive tristezas
tive desencantos
não tive vida
tive existência
não tive esperanças
fui tolo
não tive despedidas
tive adeuses
não tive alegrias
apenas sorrisos
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
poemas da caixa de papelão 37
canção
é como o céu com estrelas ou o ruído do mar o que procuro
é como a noite que vem e o dia que vai quando explodem num mesmo segundo
escreverei com estas letras de sangue e de fogo na pele que me cobre a carne
os que vão morrer hoje ainda devem sonhar com a luz do amanhã
é como o céu que nos cobre e como o ar que nos envolve o que procuro
muitas bocas cantavam as boas palavras mas para sempre foram fechadas
escreverei nesta pedra pra que nunca esqueçamos que não podemos esquecer
os que vão morrer hoje ainda devem lutar pela luz do amanhã
adeus adeus escravidão
deixo o mundo cárcere e as correntes invisíveis
entoo o meu canto e estas se dissolvem num oceano de túmulos e de pó
e vão para onde vão e estão os que se foram e nunca mais vão voltar
é como uma boca pintada de doces batons e claros sorrisos o que procuro
é como um beijo na noite um suspiro um gemido um adeus
quando partir deixarei estas palavras gravadas para os filhos daqueles que ainda vão nascer
os que vão morrer hoje devem ainda viver pela luz do amanhã
é como o céu com estrelas ou o ruído do mar o que procuro
é como a noite que vem e o dia que vai quando explodem num mesmo segundo
escreverei com estas letras de sangue e de fogo na pele que me cobre a carne
os que vão morrer hoje ainda devem sonhar com a luz do amanhã
é como o céu que nos cobre e como o ar que nos envolve o que procuro
muitas bocas cantavam as boas palavras mas para sempre foram fechadas
escreverei nesta pedra pra que nunca esqueçamos que não podemos esquecer
os que vão morrer hoje ainda devem lutar pela luz do amanhã
adeus adeus escravidão
deixo o mundo cárcere e as correntes invisíveis
entoo o meu canto e estas se dissolvem num oceano de túmulos e de pó
e vão para onde vão e estão os que se foram e nunca mais vão voltar
é como uma boca pintada de doces batons e claros sorrisos o que procuro
é como um beijo na noite um suspiro um gemido um adeus
quando partir deixarei estas palavras gravadas para os filhos daqueles que ainda vão nascer
os que vão morrer hoje devem ainda viver pela luz do amanhã
domingo, 9 de agosto de 2015
poemas da caixa de papelão 36
ensaios
debaixo do rosto do palhaço
debaixo da tinta
existe uma outra pintura
que lhe cobre a alma
e disfarça a procura que nunca termina
do sorriso exato
que nos contamina
por tras daquele gesto preciso
que faz a bailarina
no final do ato
existe um sem número de outros gestos tortos
que são a procura
daquele salto exato
com que ela termina
debaixo do rosto do palhaço
debaixo da tinta
existe uma outra pintura
que lhe cobre a alma
e disfarça a procura que nunca termina
do sorriso exato
que nos contamina
por tras daquele gesto preciso
que faz a bailarina
no final do ato
existe um sem número de outros gestos tortos
que são a procura
daquele salto exato
com que ela termina
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
poemas da caixa de papelão 35
por que os músicos se dão melhor com as mulheres
mesmo que eu falasse a língua dos anjos
diante da tua beleza
eu nada conseguiria dizer
mesmo que eu falasse o dialeto dos deuses
diante da tua esplêndida beleza
eu permaneceria mudo
mas como sou músico
corro para o piano
e componho uma melodia
dizendo tudo
com as palavras da tua cabeça
com as frases do teu coração
mesmo que eu falasse a língua dos anjos
diante da tua beleza
eu nada conseguiria dizer
mesmo que eu falasse o dialeto dos deuses
diante da tua esplêndida beleza
eu permaneceria mudo
mas como sou músico
corro para o piano
e componho uma melodia
dizendo tudo
com as palavras da tua cabeça
com as frases do teu coração
terça-feira, 4 de agosto de 2015
poema
eu lavo os olhos de manhã
pra ver o mundo melhor
eu bobo bebo café um pouco
para poder despertar
eu me alimento do mundo
comida ingestão digestão
congestão eu curto essa azia
tomando o sal de frutas da poesia
pra ver o mundo melhor
eu bobo bebo café um pouco
para poder despertar
eu me alimento do mundo
comida ingestão digestão
congestão eu curto essa azia
tomando o sal de frutas da poesia
sábado, 1 de agosto de 2015
poemas da caixa de papelão 34
desencontro certo
certamente eu passarei naquela esquina
e da outra esquina ela acenará pra mim
e nós nos perdermos em tanta rua em labirinto
que existe entre uma esquina e outra
ou quem sabe nós nos procurando um ao outro
esbarraremos um no outro sem nos vermos
ou quem sabe ela me confundirá com outro
ou se confundirá comigo refletido na vitrine
do mesmo shopping onde ela encontrará depois
do nosso encontro o desencontro certo de viver
certamente eu passarei naquela esquina
e da outra esquina ela acenará pra mim
e nós nos perdermos em tanta rua em labirinto
que existe entre uma esquina e outra
ou quem sabe nós nos procurando um ao outro
esbarraremos um no outro sem nos vermos
ou quem sabe ela me confundirá com outro
ou se confundirá comigo refletido na vitrine
do mesmo shopping onde ela encontrará depois
do nosso encontro o desencontro certo de viver
sexta-feira, 10 de julho de 2015
estar no mundo 18
eu sou um quadrado
quando olho em volta
só vejo cantos
quando ando em círculos
esbarro em quinas
quando olho para os lados
deitado na diagonal
eu só encontro repouso
de um outro ângulo
quando olho em volta
só vejo cantos
quando ando em círculos
esbarro em quinas
quando olho para os lados
deitado na diagonal
eu só encontro repouso
de um outro ângulo
segunda-feira, 6 de julho de 2015
poemas da caixa de papelão 33
desejo
desejo não é velocidade
mas doce espera
de algo que acontecerá
em uma outra esfera
de tempo
quando não mais houver ferocidade
desejo não termina com um beijo
mas começa
e do começo não se pode ver o fim
mas haverá um fim
e este será quando tudo se consumir
a fome a sede o tempo o juízo
o balé
que se se realiza perfeito
planta mais uma vez o desejo
de um novo desejo
desejo não é velocidade
mas doce espera
de algo que acontecerá
em uma outra esfera
de tempo
quando não mais houver ferocidade
desejo não termina com um beijo
mas começa
e do começo não se pode ver o fim
mas haverá um fim
e este será quando tudo se consumir
a fome a sede o tempo o juízo
o balé
que se se realiza perfeito
planta mais uma vez o desejo
de um novo desejo
sexta-feira, 3 de julho de 2015
poemas da caixa de papelão 32
encontrei a mulher dos meus sonhos
na feira da quarta-feira
eu vi a cor dos seus olhos
e eram uns olhos de fogo
que me acendiam as bocas
e me chamavam para o amor
puxava um carrinho de feira
em frente à barraca de frutas
o sol ardia como fogo
nas laranjas douradas de fogo
quis me tornar seu escravo
instantaneamente para viver
o amor das entregas
das alegrias doces
da travessia da estrada do inferno
que me consumisse como o fogo do inferno
diante daqueles olhos de fogo
o amor dos maduros
atrás da barraca de frutas
o amor dos cheiros
atrás da carroça de temperos
o amor dos canibais
dentro do caminhão de peixes
o amor das verdades duras
que me consumisse como fogo
tentando apagar o seu fogo
durante muitas semanas
nas feiras das quartas-feiras
eu vi a mulher dos meus sonhos
e desejei os seus olhos de fogo
mas nunca entrei no seu jogo
pra ela
sempre serei um banana
na feira da quarta-feira
eu vi a cor dos seus olhos
e eram uns olhos de fogo
que me acendiam as bocas
e me chamavam para o amor
puxava um carrinho de feira
em frente à barraca de frutas
o sol ardia como fogo
nas laranjas douradas de fogo
quis me tornar seu escravo
instantaneamente para viver
o amor das entregas
das alegrias doces
da travessia da estrada do inferno
que me consumisse como o fogo do inferno
diante daqueles olhos de fogo
o amor dos maduros
atrás da barraca de frutas
o amor dos cheiros
atrás da carroça de temperos
o amor dos canibais
dentro do caminhão de peixes
o amor das verdades duras
que me consumisse como fogo
tentando apagar o seu fogo
durante muitas semanas
nas feiras das quartas-feiras
eu vi a mulher dos meus sonhos
e desejei os seus olhos de fogo
mas nunca entrei no seu jogo
pra ela
sempre serei um banana
quarta-feira, 1 de julho de 2015
poemas da caixa de papelão 31
olhos de paradoxo
meus olhos têm dois medos
um de noite outro de dia
de dia estão fechados
em eterna agonia
com medo da claridade
que o dia propicia
de noite estão abertos
procurando algum clarão
com medo da escuridão
com que a noite nos vicia
meus olhos têm dois medos
um de noite outro de dia
de dia estão fechados
em eterna agonia
com medo da claridade
que o dia propicia
de noite estão abertos
procurando algum clarão
com medo da escuridão
com que a noite nos vicia
terça-feira, 30 de junho de 2015
poemas da caixa de papelão 30
folhas mortas
quando mulher e homem se separam
as fotografias secretas batidas
(sem que eles soubessem
das suas noites de amor
são reveladas
mas não mostradas
são reproduzidas
nas partes de trás das folhas
mortas que caem das árvores
para a morte das folhas
(que é a mobilidade)
e quando o vento arrasta essas folhas
exibe uma hora o lado da folha (que é folha)
e na outra o outro lado da folha (que é foto)
revelando a nudez da mulher
mostrando as nervuras do homem
nus um diante do outro
eles parecem instantaneamente felizes
na mais profunda intimidade
mas os que passam não param
e nem olham para o chão
e os garis empilham as folhas
e queimam as folhas empilhadas
sem saber ou querer saber
o quanto se pode saber
quando olhamos o lado de baixo das folhas mortas
quando mulher e homem se separam
as fotografias secretas batidas
(sem que eles soubessem
das suas noites de amor
são reveladas
mas não mostradas
são reproduzidas
nas partes de trás das folhas
mortas que caem das árvores
para a morte das folhas
(que é a mobilidade)
e quando o vento arrasta essas folhas
exibe uma hora o lado da folha (que é folha)
e na outra o outro lado da folha (que é foto)
revelando a nudez da mulher
mostrando as nervuras do homem
nus um diante do outro
eles parecem instantaneamente felizes
na mais profunda intimidade
mas os que passam não param
e nem olham para o chão
e os garis empilham as folhas
e queimam as folhas empilhadas
sem saber ou querer saber
o quanto se pode saber
quando olhamos o lado de baixo das folhas mortas
poemas da caixa de papelão 29
taquicardia
impotente e sem resposta
espero que a parede caia
dançando com o manequim
nu no centro da sala
se os sintomas estiverem corretos
terei que procurar um mágico
pra descobrir que a minha doença
tem cura
impotente e sem resposta
espero que a parede caia
dançando com o manequim
nu no centro da sala
se os sintomas estiverem corretos
terei que procurar um mágico
pra descobrir que a minha doença
tem cura
segunda-feira, 29 de junho de 2015
poemas da caixa de papelão 28
há uma tristeza em minha alma
não sei dizer o que é
mas diz-se numa palavra
tristeza
há uma gota em minha face
com gosto de água salgada
de longe se vê como brilha
uma lágrima
e cá no fundo do peito sinto
um bater estranho às vezes
não é realmente nada
um defeito
cardiovascular que carrego
desde o meu nascimento
não sei se se pode chamar
sofrimento
não sei dizer o que é
mas diz-se numa palavra
tristeza
há uma gota em minha face
com gosto de água salgada
de longe se vê como brilha
uma lágrima
e cá no fundo do peito sinto
um bater estranho às vezes
não é realmente nada
um defeito
cardiovascular que carrego
desde o meu nascimento
não sei se se pode chamar
sofrimento
poemas da caixa de papelão 27
folha de jornal não serve pra poesia
tentei escrever poesia
em uma folha de jornal
mas perdi o foco
descarrilei minha caligrafia
enquanto lia e refletia
no que lia
era um anúncio de emprego
tentei escrever um poema
mas a necessidade
bateu mais forte
de modo que perdi o meu tempo
tentando escrever poesia
pessoa enquanto fingia
não querer saber
que precisa-se de balconista
com provada experiência
mas nenhuma em poesia
tentei escrever poesia
em uma folha de jornal
mas perdi o foco
descarrilei minha caligrafia
enquanto lia e refletia
no que lia
era um anúncio de emprego
tentei escrever um poema
mas a necessidade
bateu mais forte
de modo que perdi o meu tempo
tentando escrever poesia
pessoa enquanto fingia
não querer saber
que precisa-se de balconista
com provada experiência
mas nenhuma em poesia
quinta-feira, 25 de junho de 2015
poemas da caixa de papelão 26
telefone amarelo
se eu tivesse um telefone amarelo
poderia te dizer tanta coisa
que eu não sei dizer
se eu tivesse um telefone amarelo
venceria num discar de olhos
a distância
inter
urbana
que nos distancia
se eu pegasse meu telefone amarelo
que não existe
mas existe em sonho
e se ele funcionasse com no sonho
certamente eu te ligaria todos os dias
para te dizer todas as coisas
que eu queria que você ouvisse
só que eu não tenho um telefone amarelo
e se tivesse talvez até não te ligasse
com medo de ouvir você dizer educada
no momento estou ocupada
se eu tivesse um telefone amarelo
poderia te dizer tanta coisa
que eu não sei dizer
se eu tivesse um telefone amarelo
venceria num discar de olhos
a distância
inter
urbana
que nos distancia
se eu pegasse meu telefone amarelo
que não existe
mas existe em sonho
e se ele funcionasse com no sonho
certamente eu te ligaria todos os dias
para te dizer todas as coisas
que eu queria que você ouvisse
só que eu não tenho um telefone amarelo
e se tivesse talvez até não te ligasse
com medo de ouvir você dizer educada
no momento estou ocupada
terça-feira, 12 de maio de 2015
poemas da caixa de papelão 25
abandono
meus dedos acordam
e tateiam o vazio
o meu amor me deixou
procuram procuram
e encontram o frio
no lugar do meu amor
meus dedos acordam
e tateiam o vazio
o meu amor me deixou
procuram procuram
e encontram o frio
no lugar do meu amor
sexta-feira, 27 de março de 2015
poemas da caixa de papelão 24
limites
dentro de um coração em chamas
havia palavras que não se afogavam
palavras sujas
palavras benditas
palavras sobre palavras
palavras que se precipitavam
mas de repente passavam
pois nem sempre é dado tempo ao
que necessita de tempo
e mesmo o fogo que é fogo
um dia se apaga
dentro de uma mente brilhante
havia versos que se chocavam
mas no fundo o mundo
os queria mudos
e os ouvidos para ouvi-los
não se criaram
é sempre assim
quando se tenta dar palavras ao amor
do amor só se consegue calar
dentro de um coração em chamas
havia palavras que não se afogavam
palavras sujas
palavras benditas
palavras sobre palavras
palavras que se precipitavam
mas de repente passavam
pois nem sempre é dado tempo ao
que necessita de tempo
e mesmo o fogo que é fogo
um dia se apaga
dentro de uma mente brilhante
havia versos que se chocavam
mas no fundo o mundo
os queria mudos
e os ouvidos para ouvi-los
não se criaram
é sempre assim
quando se tenta dar palavras ao amor
do amor só se consegue calar
domingo, 22 de março de 2015
poemas da caixa de papelão 23
do amor
a alma procura o outro
o amigo
a amante
percorre a cidade as ruas
sujas
incontáveis
escuras
à procura do outro
desce até o inferno
e mesmo ao céu
pode ser alçada
nesta vã tentativa
nesta louca empreitada
a alma
procura aquela que
ascenderá a vela
e iluminará o quarto
partilhando o espanto
e revelada a cura
manterá a calma
pois será o amigo
e será a amante
o corpo
é muito
por demais preguiçoso
mas é forçado a seguir
vivendo
nesta eterna loucura
nesta mesma procura
a alma procura o outro
o amigo
a amante
percorre a cidade as ruas
sujas
incontáveis
escuras
à procura do outro
desce até o inferno
e mesmo ao céu
pode ser alçada
nesta vã tentativa
nesta louca empreitada
a alma
procura aquela que
ascenderá a vela
e iluminará o quarto
partilhando o espanto
e revelada a cura
manterá a calma
pois será o amigo
e será a amante
o corpo
é muito
por demais preguiçoso
mas é forçado a seguir
vivendo
nesta eterna loucura
nesta mesma procura
terça-feira, 17 de março de 2015
poemas da caixa de papelão 22
dupla demência
1.
na praça
um pombo que passa
dá o ar de sua graça
e pousa em meu dedo
eu falo com ele
e ele me entende
lhe conto um segredo
e ele me entende
na praça
as pessoas que passam
talvez por ter pressa
até acham graça
talvez por inveja
elas não compreendem
um homem e um pombo
falando igual gente
2.
na praça
um homem que passa
me estende o seu dedo
e eu pouso sem medo
ele fala comigo
e eu não entendo
mas balanço a cabeça
talvez por ter pena
na praça
sobre nossas cabeças
há uma nuvem que passa
gritando os segredos
de infinitos milagres
e só eu a entendo
pois ela fala comigo
a linguagem dos ventos
1.
na praça
um pombo que passa
dá o ar de sua graça
e pousa em meu dedo
eu falo com ele
e ele me entende
lhe conto um segredo
e ele me entende
na praça
as pessoas que passam
talvez por ter pressa
até acham graça
talvez por inveja
elas não compreendem
um homem e um pombo
falando igual gente
2.
na praça
um homem que passa
me estende o seu dedo
e eu pouso sem medo
ele fala comigo
e eu não entendo
mas balanço a cabeça
talvez por ter pena
na praça
sobre nossas cabeças
há uma nuvem que passa
gritando os segredos
de infinitos milagres
e só eu a entendo
pois ela fala comigo
a linguagem dos ventos
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